Quem tem medo de ficar calvo pode estar sempre com a impressão de que os fios estão ficando mais finos. Com o passar do tempo, podemos até notar alguma diferença sensorial nos fios, mas é complicado precisar. Contudo, muitas pessoas têm interesse em saber como é a estrutura real de seus cabelos; e com razão. A saúde dos fios está diretamente relacionada a este aspecto, especialmente quando o assunto é calvície. Para entender melhor esta questão, nós conversamos com o médico dermatologista e tricologista Tiago Silveira Lima.
A diferença estrutural entre os tipos de cabelo reside em um elemento simples, mas importante: o diâmetro. Há fios grossos e finos, variando de pessoa para pessoa. Naturalmente, há uma média, mas estar acima ou abaixo dela não significa necessariamente um problema. "O cabelo naturalmente fino tem um diâmetro menor que a média do cabelo brasileiro, por exemplo", conta dr. Tiago. "Não necessariamente é liso; tem cabelo crespo que é muito fino também." Ou seja, não caia na comum confusão entre fino, liso e afinando.
Especialmente com a idade, pode haver uma linha tênue entre cabelo naturalmente fino e cabelo em processo de afinamento. O diagnóstico é feito por meio da tricoscopia, "um exame feito com dermatoscópio, quase um microscópio de cabelo", explica o médico. "Com ele, a gente consegue avaliar a espessura dos fios e perceber se o cabelo é fino ou está afinando. Normalmente, mesmo o cabelo fino tem fios de mesmo diâmetro na área analisada. Já no cabelo afinando, em certos campos desta área, você vê mais de 20% dos cabelos com diâmetro muito mais fino que alguns fios vizinhos. Quando o exame mostra esta propriedade, há indício de calvície, principalmente a androgenética, que tem forte bagagem genética." O aparecimento de "entradas" nos cabelos, comum entre os homens, e couro cabeludo visível também podem sugerir calvície.
Ter fios de diâmetro menor que a média não representa problemas sérios, mas deve-se ter preocupação extra nos cuidados. "O cabelo naturalmente fino é mais sensível, por ter espessura menor, então é preciso evitar excesso de processos físico-químicos, como chapinha, uso de secador e técnicas de alisamento", diz dr. Tiago. Estes cuidados são suficientes para evitar danos como queda e quebra.
Há muitas marcas e produtos no mercado que sugerem engrossamento dos fios e maior volume, mas devemos ser céticos em relação a essas promessas. "Produtos tópicos e cosméticos para repor massa capilar, como cremes e shampoos, têm muito pouco efeito. Em caso de comprimidos e suplementos, há muita moda e propaganda da mídia, mas são produtos sem qualquer estudo científico e de resultado fraco", alerta o tricologista. "Para reverter o processo de afinamento, o ideal é se consultar com um dermatologista, que poderá prescrever remédios dotados de evidência científica para pingar ou passar. O tratamento pode reverter ou cessar o afinamento ou às vezes até melhorar o quadro, causando o engrossamento dos fios."
Tiago Silveira Lima é médico dermatologista formado pela UFJF e UFRJ. Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, atua há mais de 10 anos em consultório na Tijuca, no Rio de Janeiro, sendo especialista em tratamentos estéticos avançados e referência em tricologia na cidade. | Instagram . | Site .
por Daniel Schulze