Todo mundo já sofreu com espinhas e cravos. É um problema desagradável, incômodo e deixa a pele marcada, inflamada e dolorida. Estourar uma espinha no rosto, por mais tentador que seja, pode acarretar em cicatrizes e manchas, as quais podem ficar na sua pele por um bom tempo. Para pessoas negras, este problema é ainda maior, pois as consequências de estourar uma espinha despretensiosamente são mais profundas na pele escura do que na branca. Portanto, o melhor, claro, é prevenir. Para te ajudar a evitar estes inconvenientes e entender melhor a questão, nós conversamos com a dra. Katleen da Cruz Conceição, dermatologista especializada em pele negra. Confira!
Ninguém gosta de um pontinho branco, meio amarelado, no meio do rosto. Por isso, é quase um reflexo querer estourar uma espinha quando você se levanta de manhã e se olha no espelho ao começar seu dia. Entretanto, é melhor resistir. "Ao estourar uma espinha, você acaba forçando o pus a sair, machucando a pele e deixando uma ferida aberta. Isso é um grande convite para a entrada de bactérias", diz a doutora Katleen. O efeito negativo pode ser uma infecção bacteriana e uma cicatriz de longo prazo e, além do mais, você vai trocar seu pontinho branco por uma erupção avermelhada bem menos discreta.
Na pele negra, estourar uma espinha tende a ser mais grave que na clara. "A consequência principal é a mancha ou hiperpigmentação", conta a médica dermatologista. Hiperpigmentação é o escurecimento da pele por conta da produção de melanina, cuja produção é intensificada durante inflamações. "A pele do rosto negro tem maior quantidade de melanina e de produção de sebo e bactérias, principalmente no rosto, gerando maior tendência à acne. Todo processo inflamatório na pele negra acarreta em pigmentação ou mancha; logo após um episódio de acne, a mancha será a principal consequência." Por isso, as manchas são mais comuns neste tipo de pele, que também tem "maior tendência a cicatrizes hipertrófica e quelóide, por suas fibras colágenas mais espessas e sua deficiência na produção da enzima colagenase, responsável pela degradação do colágeno." Pelo menos, o lado positivo desta espessura é fazer a pele negra envelhecer mais lentamente.
Por ter uma quantidade de melanina muito superior àquela encontrada na branca, a pele negra é dotada de maior proteção contra os raios solares. De acordo com a dermatologista, "a pele negra tem FPS natural de 13.4; a branca tem FPS 3." Mas, apesar disso, não se pode nem pensar em descartar o uso de filtros contra o sol, produtos fundamentais na prevenção de manchas. "O ideal é utilizar filtro solar em sérum, gel, creme ou oil free de três em três horas, mesmo em ambientes fechados e dias nublados e chuvosos", aconselha doutora Katleen. É recomendável também ingerir a medida certa de vitamina C, evitar tocar o rosto com as mãos sujas e, principalmente, não espremer espinhas. Mas, caso as manchas já tenham se apresentado, você pode procurar ajuda médica para "realizar peelings superficiais e usar lasers para a rápida remoção do pigmento. No caso das cicatrizes de acne, o ideal é realizar microagulhamento e laser, que melhoram muito o aspecto delas. Porém, são necessárias muitas sessões no tratamento", finaliza a médica.
A dra. Katleen da Cruz Conceição é dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, sendo referência em pele negra no Brasil. Ela é chefe do setor de dermatologia para pele negra do grupo Paula Bellotti e chefe do ambulatório de dermatologia para pele negra da Santa Casa da Misericórdia, além de membro do Skin of Color Society. | Instagram . | Grupo Paula Bellotti .
por Daniel Schulze